Algumas vezes em viagens acontecem coisas surpreendentes, mas a surpresa do dia foi inusitada além de inesperada.
Hoje era nosso último dia em Osaka. Retornaríamos a Tóquio neste dia, mas como sempre sem muito horário marcado, pois poderíamos pegar o trem-bala em qualquer horário. Tomamos nosso último café da manhã no Ibis Styles Osaka com muita calma, aproveitando os quitutes diferentes desse desjejum e juro que tentamos provar de tudo um pouco mas… Aquele que apelidamos de “feijão aranha” não desceu de jeito nenhum. Era um potinho de soja fermentada que tinha uma espécie de baba que… sem maiores comentários!
Enfim, pegamos as malas e fomos pegar o metrô. Seguíamos a pé pelas ruas quando um senhor japonês me interpelou no caminho. Eu logo pensei: “por que esse cara resolveu pedir informações para mim, que obviamente sou uma turista ocidental?”
No entanto, depois que parei e ouvi o que ele tinha a dizer, vi que se tratava de um professor de inglês – que estava com sua turminha fazendo uma aula de campo e perguntou se seus alunos poderiam nos entrevistar. O foco deles era entrevistar os adultos, mas sugerimos algo diferente: já que as meninas falam inglês, por que não entrevistá-las?
Eram oito crianças com idades entre oito e onze anos e além do professor (se apresentou como “Nike-san” – Nike igual à marca de tênis), estava também uma professora auxiliar. Claro que paramos para conversar com eles e trocar experiências. Cada aluno tinha uma prancheta com uma folha de um questionário e um lápis, assim dividimos o grupo: 4 alunos e a professora auxiliar ficaram comigo e Isabel e um a um entrevistaram a Bel com perguntas simples como: Qual o seu nome, onde mora, quantos anos tem. Os outros 4 alunos ficaram com Rafael e a Bia e foram ajudados pelo professor. O inglês deles era bem básico e por vezes os professores precisavam traduzir o que falávamos para o japonês. As meninas se saíram super bem graças novamente ao projeto de imersão na língua inglesa que a Escola Dínamis promove em parceria com a Cultura Inglesa, com aulas e dinâmicas 5 vezes por semana 2 horas por dia. Teacher Nike ficou espantado quando contamos, ele disse que no Japão ele dava apenas 2 horas por semana, foi quando expliquei que era um programa único e especial! Valeu a pena o investimento nesse programa da Cultura Inglesa, as meninas se saíram super bem e falaram naturalmente.
De quebra ainda descrevemos o nosso projeto pessoal familiar com o Rota Kids Brasil para os alunos e os professores que adoraram a idéia . As crianças principalmente ficaram espantadas com o número de horas de viagem que enfrentamos do Rio de Janeiro até Tóquio, eles já estavam achando muito o trajeto Osaka até Tóquio….Depois de mais de 24 horas de voo, uma viagem de três horas de trem era fichinha!!!
Nos despedimos da turminha e partimos de volta para Tóquio, pois queríamos chegar lá e ainda visitar alguns lugares da nossa lista de lugares desejáveis!
E ainda deu para aproveitar a viagem do trem para comer, descansar e de quebra ainda rever o nosso amigo monte Fuji!!
Voltamos ao nosso hotel Ibis em Shinjuku. Gostamos desse local pois era bem localizado, próximo da estação de trem e metrô. Bebel, como sempre, conseguindo encantar os recepcionistas com seu gorro de pinguim e começou a colecionar Kawais, isto é , quantas vezes as pessoas a chamavam de fofinha (kawaii).
E vamos às compras? Visitamos uma área em Tóquio onde fica a Nakano Broadway, mais um dos peculiares lugares em Tóquio, cheio de centros comerciais e com inúmeras lojas com produtos geek. A meta era achar o tão sonhado transformer vermelho caminhãozão que o papai queria. E era aqui também que ficava a Mandarake, uma loja de brinquedos e afins enorme com muitos produtos de todas as épocas de todos os personagens e isso deixou os meus geeks muito empolgados com tantas e tantas opções.
O Rafael não encontrou o transformer, embora tenha visto vários parecidos. E segue a busca….Teríamos mais lojas geeks para visitar ainda nesta viagem.
Outra coisa impressionante na Nakano Broadway foram as lojas de relógios. Literalmente milhões de dólares em relógios nos expositores, novos e usados, em várias lojas nas galerias. Os japoneses adoram relógios e gostam de dar/recebê-los como presentes. A imagem de tanta mercadoria valiosa em vitrines praticamente na rua, sem nenhum segurança é difícil de assimilar para nós.
Terminamos ainda o dia visitando a Daiso. Sabe aquelas lojas de R$ 1,99 no Brasil onde tem de tudo um pouco? É semelhante – a maioria das coisas custava 100 yens mas eram coisas muito boas e de tudo um pouco entre papelaria, utensílios domésticos, roupas e a lista só cresce…
Além de comidinhas típicas, tinha algumas coisas mais exóticas, como peixes secos de petisco!
Ainda deu tempo de jantar finalmente em um restaurante de comida “japonesa” e comer sushi, sashimi no rodízio.
Confesso que achei um pouco difícil identificar as coisas mas depois com o cardápio você começa a ligar o nome a pessoa que está passando na sua frente, no caso o prato. Semelhante a alguns rodízios de esteira aqui do Brasil, cada pratinho tem uma cor e a cor equivale ao valor, no final o atendente conta os pratinhos e te dá a conta pra ir ao caixa. Para beber pode tomar a vontade chá verde, o pó com a colherinha está na bancada e há torneiras de água quente em frete de cada banco para que possas servir o chá, o que caiu muito bem pois estava bem frio neste dia.
A parte legal foi experimentar peixes diferentes e diferentes partes do atum, que no Japão são vendidas pela área do peixe de onde são retiradas.
Com o dia no fim, e já tinha sido longo o suficiente com a viagem e tudo mais, resolvemos voltar ao hotel pois o próximo dia seria de sonho, especial e de muita diversão!
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Escolhemos esse dia para ir visitar outra das cidades emblemáticas do Japão: Kyoto. Kyoto fica a aproximadamente 50 km de Osaka e leva uns 20 minutinhos de trem-bala. Lembrando que estamos usando o passe do Shinkansen, só precisamos marcar os assentos e horário da viagem na hora, o que dá bastante liberdade na hora de acertar o roteiro.
A cidade foi capital do Japão entre 794 e 1868 e foi também residência do imperador nesse período. É uma das maiores e mais importantes cidades do país e quase foi alvo da bomba atômica na II Guerra Mundial, e somente foi preservada deste ataque pelos esforços de alguns oficiais americanos que já haviam visitado a cidade e conheciam sua importância para a humanidade, por sua história e seus inúmeros templos e monumentos.
Foi difícil selecionar os pontos que gostaríamos de visitar, vosso que só iríamos passar um dia na cidade. Depois de muitos debates, escolhemos dois templos e um museu para visitar.
Começamos pelo Kinkaku-ji: Golden Temple ou Templo do Pavilhão Dourado.
Chegamos ao Templo pegando primeiro um metrô na estação de trem de Kyoto e depois um ônibus, foi a primeira vez que tomamos esse tipo de modal e foi curioso e surpreendente. Primeiro, no ponto do ônibus tem uma lista deles com os horários exatos que eles passam e nos dias da semana que passam naquele ponto, e um letreiro que mostra quando se aproxima e o horário. Segundo, além de serem pontualíssimos, os ônibus são bem confortáveis, espaçosos e providos de uma tv dentro que passa a mensagem com a tarifa a ser paga, adulto e criança, os pontos de parada a seguir bem como os atrativos turísticos importantes e como se pode acessá-los a partir daquele ponto, mostrado em um mapinha com um bonequinho que anda pelo mapa e tudo. Simplesmente genial!!
Terceiro, você só paga a tarifa na saída, com cartão em alguns casos que depois descobrimos , ou em dinheiro mas é só jogar as moedas na máquina que ela mesmo conta e diz se está faltando ou ok, em alguns casos criança não paga passagem.
O Kinkakuji é um templo zen espetacular mesmo, e como outros templos que visitamos também sofreu com incêndios. Essa construção que visitamos era já uma reconstrução de 1955. Cada pavimento representa um estilo arquitetônico de uma era do Japão mas que se integram e se comunicam harmoniosamente. No primeiro andar encontramos pilares de madeira com paredes de gesso como os antigos pavilhões e palácios de período Heian, no segundo predomina um estilo mais característico das residências dos samurais com o exterior coberto de folhas douradas enquanto que o terceiro e último pavimento é totalmente dourado por dentro e por fora e coroado por uma fênix dourada.
O templo pode ser apreciado de diversos pontos do enorme jardim, com lagos e pontes que compõem esse paisagismo característico do Japão e ali tiramos fotos incríveis de todos os ângulos desse monumento espetacular.
Você depois pode passear pelo parque ao redor do templo, como se pôde ver no mapa da entrada, e contemplar os jardins e a paz desse lugar.
Visto o templo dourado e arredores, era hora de retornar para o centro de Kyoto. Nosso próximo atrativo do dia era um pouco distante de onde estávamos e, como ficamos apreensivos com relação ao tempo, desta vez optamos por pegar um táxi. Foi mais caro que o transporte público e não levamos em conta o trânsito naquele horário, então não foi muita vantaem em relação ao tempo, mas valeu como experiência. Os carros aqui também utilizam a mão inglesa e o motorista abre e fecha a porta traseira automaticamente para você. No entanto tivemos dificuldade em nos fazer entender em inglês, acho que ele não dominava o idioma e nem nós o japonês, mas conseguimos chegar no Museu do Trem.
Os japoneses são simplesmente apaixonados pela tecnologia ferroviária e este museu mostra um pouquinho desta cultura. Entre materiais históricos e exposições interativas, trens inteiros, das mais diversas épocas, estão em exibição.
As minhas 3 crianças adoraram o museu, cada um de seu modo. O primeiro salão é ao ar livre e mostra locomotivas e vagões estacionados e você pode entrar em muitos deles, e alguns foram transformados em lanchonetes. Estava muito frio e ventava muito e como já estava na hora do almoço e todos com fome, localizamos o restaurante no andar superior e fomos direto para lá enquanto comíamos, apreciamos a vista da estação e programamos a visita no museu passo a passo.
O restaurante tinha até opções mais ocidentais, e que foram a escolha da vez para as meninas, um macarrão e hamburguer bem american way.
As janelas do restaurante dão para o pátio de manobras da estação de Kyoto, onde passam dezenas de trens por hora.
Esse Museu tem atrações também para todas as idades e mostra a história das ferrovias, do sistema ferroviário, dos trens e a evolução das máquinas e até dos costumes das diversas épocas. Há ainda uma área em que se pode colocar os horários dos trens no painel manualmente tal como era feito antigamente.
Em um outro lado, um espaço é dedicado aos bem pequenos com brinquedos e jogos de trens com a temática do desenho animado do Thomas e seus amigos, e bem a frente numa enorme maquete dentro de um vidro, trens miniatura que pode ser pilotados como ferroramas interagem com o visitante que pode, apenas as crianças, entrar por baixo e aparecer num vão entre os vidros como se estivesse dentro da maquete.
E ainda foi nesse momento, nesse ambiente que descobrimos a brincadeira que eles fazem com as crianças: em uma mesa você pega com um funcionário um folheto onde encontram-se quatro espaços que devem ser preenchidos com carimbos de personagens do desenho Thomas e seus amigos. Os carimbos podem ser obtidos em estações espalhadas pelo museu, completando os quatro carimbos retorna-se para a primeira mesa e pode-se então pegar um adesivo a sua escolha do Trem Thomas ou de um dos trens amigos dele. Claro que elas entraram na brincadeira e rapidamente conseguiram os 4 carimbos.
Rafael ficou maravilhado com as imensas máquinas e com as minunciosas miniaturas e queria ver cada detalhe, mas as meninas já estavam ficando um pouco cansadas, então nos separamos para que ele pudesse apreciar com mais calma e eu levei as meninas para ver a lojinha e foi quando encontramos no pavimento inferior locais onde se podia experimentar e brincar com o movimento das máquinas, a força e a mecânica. Vivenciar a física experimental e lúdica.
E faltou tempo para ver tudo, mas precisávamos ir para outro atrativo que havíamos previsto para visitar em Kyoto. Sim mais um templo, um dos mais importantes e mais visitados da cidade, o Kiyomizudera. Para chegar até ele não tem muito jeito, qualquer modal que se escolha você fica no mesmo ponto e a caminhada é bem longa e em subida, é bem longa até cansativa mas a nossa idéia era ver o pôr do sol lá de cima.
No caminho muitas pessoas vestidas a caráter, com kimonos e maquiagem subiam para fazer pedidos e verdadeiros ensaios fotográficos no local. As fotos que havíamos visto deste templo eram verdeiras pinturas, a fachada vermelha no alto do morro avistando a cidade toda lá em baixo, qual foi uma pequena frustração nossa ao chegar no topo e ver o templo cercado de andaimes de reforma cobrindo toda a fachada de fato. Mas a paisagem compensa a caminhada e a subida e você ainda pode ficar na imensa varanda do Kiyomizudera Temple.
O templo fecha às 18:00 horas, então descemos um pouco antes e ainda pudemos ver as lojas do distrito de Higashiyama District, com gift shops, lojas com roupas típicas, kimonos para venda e aluguel entre outros objetos e comida típicas, e ainda apreciar o belíssimo pôr do sol mesmo no inverno japonês.
Precisamos partir pois ainda iríamos pegar o trem de volta para Osaka e nossa idéias ainda era passar em algumas lojas no comércio em Osaka e no outro dia retornaríamos para Tóquio. Para agilizar, fizemos um lanchinho no próprio trem-bala, algo muito comum por aqui.
De volta para Osaka, corremos para as galerias para dedicar um tempinho para olhar o comércio e fazer algumas compras. Assim, ainda conseguimos achar a tão sonhada mochila da Beatriz e compramos tênis na Skechers, com preço campeão. Tivemos que fazer as compras bem rapidamente, pois as lojas fecham pontualmente as 8 da noite.
Ufa! Agora é arrumar as malas e amanhã retornar a Tóquio. Mas lembram que quando chegamos em Osaka o Ibis colocou 4 garrafas de água no quarto como cortesia? Eles continuaram colocando todo dia mais 4 e olha o resultado no fim da hospedagem?
See ya!!!
Dicas deste post:
Foi uma decisão de viagem difícil deixar apenas um dia para visitar Kyoto. Mas graças a isso conseguimos visitar Nara, que foi especial. Se puder, dedique pelo menos dois dias para Kyoto. Precisamos voltar lá e completar o roteiro!
A estação de trem de Kyoto é gigantesca e com muitas lojas. Lugar bom para comprar souvenirs e principalmente comidinhas típicas do lugar. Isso vale, aliás, para qualquer estação de trem no Japão!
O Templo Dourado é uma das atrações mais afastadas em Kyoto, mas vale muito a visita. Comece por ele, se possível, e vá controlando o tempo.
O museu do trem fica bem na parte central da cidade, mas é bem grande. Gasta-se um tempo razoável para visitá-lo como merece.
O Kiyomizu-dera exige forma física razoável para subir todas as ladeiras e escadas. O transporte só te leva até determinado ponto, de lá em diante é muita subida à pé. Mas o complexo de templos e paisagens vale o esforço!
A decisão de fixar uma base em Osaka e, de lá, deslocar-se para outras cidades foi campeã. Evita o deslocamento com bagagens e aproveita-se a malha férrea para realizar as visitas rapidamente.
Mais uma vez obrigado ao Ibis Styles Osaka por nos manter hidratados nesta etapa da viagem 😉